
É certo que muitas pessoas se arrepiam com qualquer revelação negativa sobre Francisco Cândido Xavier. Guiadas pelo estereótipo do "velhinho frágil", essas pessoas, que não cuidam dos idosos de suas próprias famílias, buscam endeusar um oportunista que, como um Lula invertido, se deixa valer pela aparência frágil para ser inocentado até de crimes comprovados, como falsidade ideológica e apropriação indébita de nomes famosos para publicar mensagens.
Chico Xavier é o inverso de Lula porque este, hostilizado por ter uma aparência supostamente rude, tornou-se um presidiário por supostas acusações que não foram devidamente fundamentadas. Os casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia mostram testemunhas que confirmam que o ex-presidente da República nunca foi proprietário desses imóveis e, se existem provas nessas supostas acusações, elas sempre são contrárias a Lula.
No caso do "médium", porém, as acusações de práticas negativas diversas são carregadíssimas de provas, robustas e consistentes. Infelizmente, as pessoas fazem vista grossa e acreditam, tolamente, que Chico Xavier está "acima até mesmo de qualquer lógica e bom senso", sob a desculpa de que o mundo espiritual permite qualquer absurdo surreal, pelo pretexto de que "escapa às compreensões humanas na Terra".
Infelizmente, muitos se tornam idiotas diante dessa má compreensão das coisas. E se revoltam e se enfurecem à toa, mostrando também que não estão tão seguros energeticamente ao manifestarem idolatria a Chico Xavier. Isso porque, quando surge a menor contrariedade, essas pessoas se explodem em fúria e reagem de maneira bastante agressiva, embora, às vezes, aparentemente controlada.
Quem estiver disposto para uma pesquisa, verá que as "psicografias" sempre apresentam provas de irregularidades. São provas robustas, consistentes, objetivamente relatadas, independente de ser partidário ou detrator de quem quer que fosse. Os principais problemas relatados são:
1) As "psicografias" apresentam problemas graves em relação aos aspectos pessoais dos autores mortos alegados, sejam estes famosos ou não. Problemas de estilística, de linguagem, de pontos de vista e até de assinaturas. Muitas mensagens "psicográficas" têm a caligrafia pessoal de Chico Xavier, o que faz muitos se confundirem todos ao dizerem se essas mensagens foram "ditadas" ou ele realmente as recebeu das mãos dos espíritos. Essa confusão desperta suspeitas. Hoje se diz que elas seriam literatura fake.
2) As "psicografias" expressam sempre o ponto de vista pessoal de Chico Xavier. Isso é extremamente ruim. Isso porque ninguém está acima de todos, e além disso usar os mortos como artifício para tornar as opiniões pessoais de alguém "menos pessoais" é leviano e perverso. E isso pode ser enquadrado como crime de falsidade ideológica, como maneira de alguém levar vantagem pondo suas opiniões pessoais sob o crédito de outro alguém, ainda mais falecido.
3) Nas "psicografias" envolvendo pessoas comuns (não famosas), sobretudo na irregular prática das "cartas mediúnicas", em sessões marcadas pela exploração da catarse humana, pela glamourização da tragédia e pelo sensacionalismo que fazia a festa da imprensa policialesca, foram montadas por pesquisas bibliográficas e pela "leitura fria", que é o mecanismo de identificar informações ocultas a partir de gestos e reações trazidas pelos parentes de pessoas mortas.
Sobre esse terceiro item, vale mais comentários. Afinal, informações como o número do telefone (residencial e, nos últimos anos, celular), além do número da identidade e o endereço de residência, citados em supostas mensagens espirituais, haviam sido trazidos porque os parentes dos mortos haviam descrito essas informações quando preenchiam os formulários para o auxílio fraterno.
Em ato falho, a ex-modelo, atriz e comediante Márcia Brito, conhecida como Brita Brazil, disse que "congelou" quando a suposta mensagem espiritual atribuída ao falecido filho, Ryan Brito - do casamento, desfeito há anos, com o humorista e dublador Nizo Netto, filho de Chico Anysio - , citou o número do celular da mãe, como se isso tivesse sido um "segredo" descoberto pelo finado rapaz. Ela se esqueceu que forneceu esses dados para um "centro espírita" ao qual ela recorreu.
A atitude foi entendida, ironicamente, por alguns, como a "última piada da Flora Própolis", personagem que Márcia interpretou na Escolinha do Professor Raimundo, programa no qual participaram o ex-marido e o ex-sogro.
As "psicografias" feitas no Brasil são bastante duvidosas. Elas se limitam a serem mensagens de propaganda religiosa e são feitas por um único "médium". Allan Kardec recomendava que um suposto espírito deva ser manifesto por pelo menos três médiuns, desconhecidos e sem qualquer relação, mesmo indireta, entre si, para que se verifique, depois, se elas são idênticas ou não. O pedagogo francês era muito cético em relação à veracidade das mensagens espirituais.
Além disso, as "mensagens espirituais" são montadas por pesquisas bibliográficas - inclui também jornais - e por "leitura fria". Se, por exemplo, a mãe de um falecido chora quando fala do sonho do filho em ser skatista e estudar faculdade de Direito, significa que estes eram grandes prazeres da vida do finado. Isto é um exemplo de leitura fria.
Outro aspecto a considerar é que, às vezes, informações "mais complexas" de um morto são divulgadas em supostas psicografias. Isso se deve porque, em muitos casos, a tia de um morto traz informações que a mãe dele desconhece, ou algum amigo da escola traz dados que são particulares dentro desse grupo. Nem todo mundo conhece todo mundo num mesmo círculo social.
Quanto aos aspectos pessoais, há aberrações enormes. Em Parnaso de Além-Túmulo e nas obras sob o nome de "Humberto de Campos" ou "Irmão X", o pensamento pessoal é de Chico Xavier. Isso cria distorções enormes, como Casimiro de Abreu, poeta ultrarromântico que usava o sofrimento e a dor como temas de lamentação, "escrever" que "sentia esperanças em sofrer e lutar", como se achasse bom estar sofrendo.
Em outros casos, a evidente "queda de qualidade" dos poemas e prosas (crônica ou romance, entre outros) mostra o quanto as atribuições de autoria espiritual são falsas. O estilo da suposta obra espiritual de "Humberto de Campos" não tem a agilidade narrativa do autor maranhense e seu conteúdo, além de monotemático, é melancólico e de leitura mais cansativa.
Olavo Bilac, não bastasse o caráter monotemático, "perde" o seu talento na "poesia espiritual". E isso pode ser comprovado por uma simples leitura de seus poemas. Os poemas originais de Bilac, ao serem recitados, soavam musicais devido a tamanha harmonia das sílabas na métrica poética. Isso não acontece nas "psicografias" a ele atribuídas, nas quais os versos soam "cansados".
João Dornas Filho afirmava, sobre o suposto espírito Olavo Bilac, com indignada ironia, pondo em dúvida a ideia de por que um espírito, que no retorno ao mundo espiritual, deveria ter suas qualidades e talentos ampliados, "resolve" enviar mensagens de vergonhosa mediocridade:
"Pois bem, esse homem, que em vida e segundo a doutrina espírita estava sujeito às deficiências, aos erros, à contingência do estado de encarnação e só desencarnado poderia realizar ou iniciar o seu período de perfeição; esse homem que no estágio de imperfeição nunca assinou um verso imperfeito - depois de morto ditou ao Sr. Xavier sonetos inteirinhos abaixo de medíocres! Cheio de versos mal medidos, mal rimados e, sobretudo, numa língua que Bilac absolutamente não escrevia!".
No caso de Auta de Souza, autora potiguar pouco conhecida por sua obra deixada em vida e que viveu muito pouco - ela faleceu aos 25 anos de idade - , seu estilo peculiarmente feminino e pueril "desaparecia" nas "psicografias", dando lugar ao mesmo estilo masculino de Chico Xavier.
ESTRANHEZAS MIL
Quem duvidar de tais alegações deveria prestar atenção a inúmeros incidentes que comprometem a trajetória de Chico Xavier, e que deveriam reforçar a desconfiança em relação à sua obra, e não o contrário. São atitudes que deixam vazar certas reações ou medidas estranhas que revelam mecanismos para evitar provas de atividades fraudulentas. Vejamos:
1) Os manuscritos originais dos livros "psicográficos" foram jogados fora. Portanto, não foram preservados. A medida foi um acordo entre Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas, que decidiram rasgar os manuscritos, que provavelmente devem ser não só de Chico, mas também de Wantuil e outros membros da FEB. Essas escritas poderiam servir de provas documentais de que as "psicografias" foram uma farsa armada pela equipe editorial da FEB.
2) Relatos dentro do meio "espírita" davam conta que editores da FEB faziam revisão das "psicografias" de Chico Xavier. A lógica recomenda que obras espirituais não podem sofrer tais revisões, ainda mais atribuídas a "benfeitores espirituais". Os reparos são muitas vezes grosseiros e tendenciosos. Parnaso de Além-Túmulo sofreu cinco alterações editoriais, sendo republicado, com tais mudanças, em 1935, 1939, 1944, 1945 e 1955.
O mais surpreendente é que revelações dessa farsa vieram, por acidente, em fontes solidárias a Chico Xavier, e não através de deturpadores. Uma dessas revelações veio de um jornal "espírita", mineiro O Poder, em 10 de maio de 1953:
Um dia, o Sr. Vantuil de Freitas — já depois de ter conseguido escalar a presidência da Federação — chamou- nos, muito interessado; precisava muito de falar conosco, particularmente. Tinha, na mão, um maço de provas tipográficas.
— Mas você não me comprometa, Sousa do Prado.
— Não — dissemos nós.
— Você sabe que quem corrige todos os trabalhos recebidos pelo Chico Xavier é o Quintão.
— Sei — respondemos. — Por sinal que, com tais correções, consegue desfigurar quase completamente o estilo dos espíritos que ditam as obras ao médium, enxertando-lhes termos esdrúxulos, que eles nunca usaram enquanto encarnados...
— Pois bem; foi ele, portanto, quem corrigiu os originais e as provas de “Nosso Lar”, que vai ser, agora, novamente publicado.
Em parênteses, esclareceremos que não temos bem a certeza se se tratava dêste trabalho ou de “Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho”...
— Ora, como você sabe — continuou ele — o Quintão erra constantemente, principalmente no emprego da crase, e na pontuação; e eu tenho um grande empenho em que isto saia correto. Por isso, fiz uma nova revisão, emendando os principais erros que encontrei. Como, porém, eu sou um pouco fraco no português, ... e posso ter emendado coisas que estivessem certas, queria que você conferisse, comigo, as emendas que fiz...
... Haviam, nelas, emendas indispensáveis, que tinham escapado ao Quintão, mas, em compensação, o ilustre “Dr.” Freitas... errara muita coisa, que estava certa...
E aí têm os leitores o que valem certas “comunicações” e certos “dirigentes” do Espiritismo brasileiro.
Outra revelação foi dada pela amiga de Chico Xavier, a também "médium" Suely de Caldas Schubert, em carta de 03 de maio de 1947 escrita pelo "médium" a Wantuil, publicada no livro Testemunhos de Chico Xavier, de 1981. Na carta, o "médium" agradece a Wantuil e Luís da Costa Porto Carreiro Neto, um dos editores da FEB, pelas revisões feitas para a sexta edição de Parnaso de Além-Túmulo. Na outra ocasião, o revisor citado é Manuel Quintão, ex-presidente da FEB.
A carta publicada na coletânea organizada por Suely é considerada um dos "fogos amigos" que atingiram a reputação de Chico Xavier. Vejamos a carta:
"Grato pelos teus apontamentos alusivos ao “Parnaso” para a próxima edição. Faltam-me competência e possibilidade para cooperar numa revisão meticulosa, motivo pelo qual o teu propósito de fazer esse trabalho com a colaboração do nosso estimado Dr. Porto Carreiro é uma iniciativa feliz. Na ocasião em que o serviço estiver pronto, se puderes me proporcionar a “vista ligeira” de um volume corrigido, ficarei muito contente, pois isso dará oportunidade de ouvir os Amigos Espirituais, em algum ponto de maior ou menor dúvida. Há uma poesia, sobre a qual sempre pedi socorro, mas continua imperfeita desde a primeira edição. É aquela “Aves e Anjos” (...). Ela termina assim: “Sorrindo... Cantando...” e não “Sorrindo... Sorrindo...”, como vem sendo impresso".
Em ambas as mensagens, fala-se que Chico Xavier "se comunicava com os espíritos", mas essa ideia não garante veracidade. Pode ser uma mentira combinada por Chico e Wantuil para permitir o uso de autores famosos em supostas psicografias publicadas pela FEB.
3) O sobrinho de Chico Xavier, Amauri Xavier Pena, faleceu de maneira muitíssimo estranha e depois de agressiva campanha de difamação e calúnia, impensável nos meios "espíritas", que dizem repudiar o ódio e a violência. Tudo porque o jovem ameaçou denunciar as fraudes do tio e de outros dirigentes da FEB, em 1958, o que seria uma grande devassa que teria desqualificado o "médium", que se livrou de uma condenação judicial pelo caso Humberto de Campos, em 1944.
Note que Amauri era acusado somente de ser viciado em álcool, não havendo outras acusações de consumos de substâncias ilícitas. E isso quando ele, em campanha difamatória montada pelo "movimento espírita" de Minas Gerais, era acusado até de coisas absurdas como fabricar notas de dinheiro falsas.
Sendo assim, Amauri faleceu novo demais para alguém que só "enchia a cara com birita". Normalmente, um alcoólatra incurável tende a morrer entre os 35 e 55 anos, e Amauri morreu mais novo do que isso, com 28 anos incompletos em 1961. Ele foi internado num sanatório "espírita" e saiu de lá pouco depois. Há rumores de que ele havia sido agredido e sofrido maus tratos no local.
Quando saiu, Amauri teria sido contatado por um falso amigo, alguém que teria sido indicado, talvez, por Wantuil. Esse "amigo" convidou Amauri para "beber mais uma" e, se aproveitando de alguma desatenção, ingeriu algum remédio mortal, que, ingerido por Amauri, teria causado hepatite tóxica, que o matou dias depois.
O episódio teria sido uma "queima de arquivo" que livraria Chico Xavier, mais uma vez, da culpa por irregularidades diversas.
4) No caso de Otília Diogo, farsante que se fez de materializadora de espíritos, deve-se chamar a atenção o rompimento da amizade entre Waldo Vieira e Chico Xavier. Desde criança, Waldo tinha em Chico seu ídolo maior e teria dado dicas para o livro Nosso Lar, dando origem a uma produtiva parceria.
Waldo largou o "espiritismo" em 1967 e foi criar uma seita mística, a Conscienciologia e Projeciologia, que conduziu até o fim da vida. O rompimento com Chico se deu porque Waldo se decepcionou com o envolvimento do "médium" na trama, sob a qual Otilia se passava por, pelo menos, três espíritos em falsa materialização: Irmã Josefa, dr. Alberto Veloso e um menino de nove anos conhecido como "Japi".
As denúncias começaram em 1964, um ano após o começo dos espetáculos de puro ilusionismo, nos quais Otília, com base em técnicas circenses - que Chico Xavier também apreciava - , montou uma gaiola enorme para sua principal encenação, a de que a suposta "Irmã Josefa" atravessaria as grades para aparecer "materializada" ao público.
Jornalistas de O Cruzeiro encontraram, por acaso, um material que corresponde aos trajes usados pela farsante, em 27 de outubro de 1970. Nessa época, Otília foi desmascarada, mas Chico Xavier, tido como cúmplice, foi inocentado e, depois, blindado pelos mesmos Diários Associados que publicam a revista. Daí que Chico Xavier deu entrevista ao Pinga Fogo da TV Tupi, em 1971, e Nosso Lar foi livremente adaptado pela dramaturga Ivani Ribeiro para o enredo da novela A Viagem, de 1975.
Chico Xavier foi tido como "enganado" pela "médium", mas, em 1979, um "fogo amigo" antecipou o de Suely, quando o fotógrafo Nedyr Mendes da Rocha registrou os bastidores do espetáculo ilusionista de Otília.
As fotos mostram Chico Xavier extremamente comunicativo e desenvolto, animado demais para alguém que "teria sido enganado" por Otília. Em vários registros, Chico demonstrava saber de todos os detalhes, estava muito alegre e em nenhum momento mostrava o distanciamento típico da pessoa que foi enganada por outrem.
O rompimento de Waldo Vieira e seu consequente afastamento do "movimento espírita" devem ser levados em conta e as fotos de Nedyr confirmam a decepção que o parceiro de Chico Xavier teve com o "médium" e a amizade rompida que se deu por conta disso.
5) Quando Antônio Wantuil de Freitas anunciou sua aposentadoria, em 1969 - fato consumado em 1970, com Wantuil morrendo quatro anos depois, por doença da velhice - , alguém aproveitou o anúncio dos faturamentos das traduções dos livros de Chico Xavier organizadas pela própria FEB (que os vendia para o mercado financeiro) para denunciar que o dinheiro das vendas ia para os cofres da cúpula da "Federação Espírita Brasileira".
Chico Xavier, com sua discreta esperteza, alegou "profunda tristeza" com a denúncia, desapontado com a ideia de que os lucros "não foram para a caridade". Mas, convenhamos, uma figura tida como "intuitiva" como Chico Xavier, nunca desconfiar de tal risco 37 anos depois do lançamento de Parnaso de Além-Túmulo (1932), é muito estranho.
Na verdade, isso foi um jogo de cena. Chico Xavier e Antônio Wantuil fizeram o acordo que previa justamente isso. A cúpula da FEB ficaria com o faturamento dos livros. Chico não gostava de tocar em dinheiro, pelo nojo que sentia pela sujeira das notas e moedas, e preferia ser sustentado por outrem, e Wantuil foi um de seus sustentadores (nos últimos anos, Eurípedes Higino, "filho adotivo" do "médium", cumpriu essa função).
Essa ideia de que Chico não mexia em dinheiro criou uma falácia de que ele "era pobre" e "fazia voto de miséria". Mas Chico não morreu pobre, e, quando doente, foi internado num bom hospital de Uberaba. Se não tocar em dinheiro fosse sinônimo de pobreza, a família real da Grã-Bretanha seria uma das mais pobres do mundo, porque tudo o que seus membros fazem é pago por terceiros.
A acusação é semelhante à de Madre Teresa de Calcutá, outra "pobrezinha" que cortejava tiranos e magnatas para pedir dinheiro "para a caridade", mas depositava tudo na conta dos sacerdotes do Vaticano. As denúncias vieram de várias fontes, de pessoas que trabalharam e conviveram com ela. A associação da FEB, cuja antiga sede na Av. Passos, Rio de Janeiro (hoje uma das filiais), com o Vaticano católico é tal que esse prédio antigo foi apelidado durante anos de "Vaticano espírita".
6) Livros originais de Humberto de Campos foram retirados de catálogo. Um dos notáveis escritores brasileiros, popular em seu tempo, o maranhense Humberto de Campos Veras (1886-1934), que foi membro da Academia Brasileira de Letras e um dos mais prestigiados cronistas de seu tempo, no entanto não tem mais sua bibliografia disponível no mercado literário brasileiro.
Recentemente, só uma publicação especial, do tipo Obras Completas, foi lançado, em 2014, para lembrar os 80 anos de falecimento do escritor, prematuramente morto aos 48 anos. Mas o material, unido numa coleção vendida em conjunto, era tão volumoso que era muito caro para um leitor comum adquirir. E, passada a efeméride, essa obra também saiu de catálogo.
Nem todos os livros de Humberto estão disponíveis em sebos ou na Internet. A obra dele apenas tem alguns títulos nessa condição. Em contrapartida, os títulos das "psicografias" que levam seu nome e o de "Irmão X" estão totalmente disponíveis, contam com considerável presença nos sebos e com acesso gratuito na Internet.
O motivo dessa manobra é dificultar, ao leitor comum que, conhecendo a obra original de Humberto de Campos, sejam identificadas irregularidades nas "psicografias" trazidas por Chico Xavier. Lembremos, também, que a FEB exerce um poderoso e suspeitíssimo lobby no mercado literário brasileiro, algo inadmissível numa atividade que deveria ser considerada laica no nosso país.
7) "Caridade" de Chico Xavier segue os mesmos moldes demagógicos dos quadros "assistencialistas" de televisão. A comparação com um fenômeno recente se dá, exatamente, em Luciano Huck, admirador confesso do "médium", que o apresentador teria visitado no fim da vida.
O "espiritismo" brasileiro define sua "caridade" como Assistência Social (caridade com amplos resultados sociais), mas suas práticas remetem ao Assistencialismo, com ações meramente pontuais e paliativas, que não resolvem a pobreza de maneira frontal e definitiva e não ameaçam os privilégios abusivos das elites.
A "caridade" de Chico Xavier, usada como desculpa para blindá-lo contra qualquer acusação ou denúncia, nunca existiu de fato. A "filantropia" consistia em ações feitas por terceiros, e ainda assim dentro dos limites restritos do Assistencialismo. O que Chico Xavier fazia era apenas pedir aos outros que "ajudassem o próximo" e depois ele se promovia com as ações alheias, como uma cigarra se promovendo com o trabalho das formigas.
O que essa "caridade" significou foi justamente o que Luciano Huck, empresário e ligado a políticos conservadores, está fazendo: um arremedo de filantropia em seu "ativismo" político, através dos movimentos neo-conservadores Renova BR e Agora!, e pelos quadros assistencialistas do Caldeirão do Huck, da Rede Globo de Televisão.
A "caridade" de Chico Xavier era semelhante a isso e, portanto, bastante fajuta e sem resultados práticos. Pois, se essa "caridade" funcionasse, pela grandeza com que dizem ser o "médium", o Brasil teria alcançado níveis escandinavos de qualidade de vida, o que nunca aconteceu. Pior, Uberaba, cidade adotiva do "médium", até caiu em qualidade de vida, indo, de 2000 a 2010 (ano do centenário de Chico Xavier), do 104º lugar ao 210º em Índice de Desenvolvimento Humano.
Mesmo as "cartas mediúnicas" dos parentes mortos de pessoas comuns foi um grande engodo que misturou sensacionalismo, sentimentos obsessivos, exploração da tragédia alheia e outros aspectos aberrantes e mórbidos.
CONCLUSÃO
Essas são apenas algumas das provas comprometedoras que se fazem contra Chico Xavier. Há tantas outras, e as provas são tão robustas que assustam muita gente, e, de maneira surpreendentemente surreal, causam revolta naqueles que, tomados de paixões religiosas, não querem saber de verdades que doem nem na realidade que se demonstra desagradável às suas convicções.
Essas pessoas preferem dizer que Chico Xavier está "acima das provas, da realidade e da lógica", criando uma ridícula atribuição de superioridade, que simplesmente deprecia a inteligência humana, na medida em que se coloca um único indivíduo "acima de tudo e de todos", até mesmo das provas contundentes que comprometem a sua imagem fantasiosa que ainda deslumbra muita gente.
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