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Erasto advertiu sobre Chico Xavier e o reprovaria com rigor



Erasto de Paneas, discípulo de Paulo de Tarso, que esteve entre os diversos espíritos que se manifestaram em mensagens verificadas por Allan Kardec, tornou-se famoso, nos meios espíritas autânticos ou não, pela frase "É melhor rejeitar dez verdades do que aceitar uma única mentira".

Ele fez diversos alertas sobre a deturpação no Espiritismo, alertou sobre os inimigos internos da doutrina, que são realmente "inimigos internos" e não figuras externas que se infiltram e ficam escondidas.

Esquecemos que Francisco Cândido Xavier se configura, confirmadamente, no maior e mais perigoso inimigo interno que existiu em toda a história da Doutrina Espírita do mundo. A tese faz muita gente reagir com revolta e choro, mas é verídica. Ninguém é capaz de imaginar que aquele que acreditam ser "símbolo da fraternidade e da paz" pode ser um inimigo interno. Mas pode, sim.

E isso é tão certo que Chico Xavier se promoveu, nos últimos 40 anos, através do recurso traiçoeiro de "bombardeio de amor", uma técnica de manipulação mental que explora pretensos apelos, aparentemente profundos, de afetividade e beleza, buscando envolver intensamente a emotividade de pessoas com senso crítico frágil e despreparadas para certas armadilhas emocionais.

E isso se confirma com a revolta com que reagem os devotos e até os simpatizantes "não-sectários" de Chico Xavier. Eles reagem com ódio, com paranoia, com ironias, com muito pedantismo. Isso derruba a tese de que eles estão "protegidos por boas energias", hipótese que, mesmo sob o risco de sentimentos obsessivos, se acredita ter nos adeptos de Chico Xavier.

Portanto, até essa reação de revolta e indignação, que faz até muitas senhoras idosas, aparentemente "equilibradas" e "serenas", se explodirem feito bestas-feras e gritarem feito loucas, confirma que Chico Xavier é inimigo interno do Espiritismo e que isso pode ser confirmado pelas afirmações do espírito de Erasto, explicitamente descritas em vários trechos de O Livro dos Médiuns de Allan Kardec. Vejamos uma delas:

"É essa a pedra de toque das imaginações ardentes. Porque, levados pelo ardor das suas próprias idéias, pelos artifícios dos seus conhecimentos literários, os médiuns desprezam o ditado modesto de um Espírito prudente e, deixando a presa pela sombra, os substituem por uma paráfrase empolada. Contra esse temível escolho se chocam também as personalidades ambiciosas que, na falta das comunicações que os Espíritos bons lhe recusam, apresentam as suas próprias obras como sendo deles".

Em outras palavras, Erasto falava que os médiuns (no caso o que Kardec define como "levianos", que é o caso de Chico Xavier), desprezando as mensagens modestas de espíritos prudentes, substituindo, tentados por espíritos levianos mas identificados por estes, por paráfrases empoladas.

Isso se confirma, porque os livros de Chico Xavier apresentam expressões empoladas e linguagem forçadamente erudita, feita para parecer difícil para a compreensão do leitor simples, que ingenuamente entenderá a "superioridade" de tais obras pela linguagem complicada.

Chico Xavier, conforme mostrou reportagem da revista O Cruzeiro de 12 de agosto de 1944, demonstrava ser uma personalidade ambiciosa. Ele fazia poses extravagantes, queria ser entrevistado, queria ter cartaz na mídia.

E quem pensava que ele abandonou isso na velhice, estava enganado: mesmo na sua fase de "velhinho humilde", ele aparecia em colunas sociais, recebia diplomas e premiações e era assunto para badaladas reportagens na grande mídia, umas de caráter altamente mistificador e religioso, outras de apelo profundamente sensacionalista.

Os problemas que sempre apareciam nos aspectos pessoais das supostas "psicografias" de Chico Xavier - de cujos primeiros livros não se tem mais os manuscritos, que foram jogados fora - , que constantemente mostravam a caligrafia e o pensamento pessoal do "médium", mesmo sob pretensas "assinaturas" como Humberto de Campos e Castro Alves ou de gente comum como Irma de Castro Rocha (Meimei) e Jair Presente, também expressam esse alerta dado por Erasto.

Verificando a sua frase, podemos dizer que Chico Xavier, por nunca ter tido a concentração necessária para receber mensagens de pessoas mortas - no Brasil, diz-se que, se não se tem concentração para ler livros ou ouvir música, muito menos se tem para receber mensagens do além-túmulo - , resolveu, pela esperteza "mineira" sua, tomar "suas próprias obras como sendo deles (os espíritos do além)". Mais Erasto:

"Mas onde a influência moral do médium se faz realmente sentir é quando este substitui pelas suas pessoas aquelas que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir. É ainda quando ele tira, da sua própria imaginação, as teorias fantásticas que ele mesmo julga, de boa fé, resultar de uma comunicação intuitiva. Nesse caso, há mil possibilidades contra uma de que isso não passe de reflexo do Espírito pessoal do médium".

Isso é comprovado em várias declarações de Chico Xavier, que, dizem, sempre sofreu de esquizofrenia, o que pode também ser provado por declaração do próprio "médium" a O Estado de São Paulo, em 1986: "Meu pai queria me internar em um sanatório para enfermos mentais (…) Devia ter suas razões; naquela época me visitavam também entidades estranhas perturbadoras".

Ele às vezes dizia que "falava com os mortos", que iria "consultar os amigos espirituais" etc. Isso soa muito confuso e vago, porque aceita-se tudo que Chico Xavier fez - embora hoje tenha crescido a mania de "admitir suas imperfeições" - , sem analisar. Dizem muitos que "ele também errou muito" e vamos para a cama dormir, sem mesmo tirar satisfações, o que aumenta ainda mais as suspeitas de irregularidades, pois esse papo de que "todo mundo erra" demonstra medo, insegurança e preguiça.

E isso só piora as coisas, diante de comprovantes de fraudes "mediúnicas" aqui e ali, nas quais se inclui a participação de dirigentes, editores e redatores da "Federação Espírita Brasileira" na produção de pastiches literários, sob a colaboração de consultores literários contratados para a tarefa. Mesmo o "fogo amigo" de Suely Caldas Schubert, ao publicar uma carta de Chico Xavier, de 03 de maio de 1947, quando agradeceu a contribuição do presidente da FEB Antônio Wantuil de Freitas nas revisões para a sexta edição de Parnaso de Além-Túmulo:

"Grato pelos teus apontamentos alusivos ao “Parnaso” para a próxima edição. Faltam-me competência e possibilidade para cooperar numa revisão meticulosa, motivo pelo qual o teu propósito de fazer esse trabalho com a colaboração do nosso estimado Dr. Porto Carreiro é uma iniciativa feliz. Na ocasião em que o serviço estiver pronto, se puderes me proporcionar a “vista ligeira” de um volume corrigido, ficarei muito contente, pois isso dará oportunidade de ouvir os Amigos Espirituais, em algum ponto de maior ou menor dúvida. Há uma poesia, sobre a qual sempre pedi socorro, mas continua imperfeita desde a primeira edição. É aquela “Aves e Anjos” (...). Ela termina assim: “Sorrindo... Cantando...” e não “Sorrindo... Sorrindo...”, como vem sendo impresso".

Dois outros parágrafos de Erasto pode servir de alerta que recomenda termos cuidado com figuras como Chico Xavier, cabendo mais o repúdio e desprezo a ele do que a mínima consideração:

"O Espiritismo já está hoje bastante divulgado entre os homens, e já moralizou suficientemente os adeptos sinceros da sua doutrina, para que os Espíritos não se vejam mais obrigados a utilizar maus instrumentos, médiuns imperfeitos. Se agora, portanto, um médium, seja qual for, por sua conduta ou seus costumes, por seu orgulho, por sua falta de amor e de caridade, der um motivo legítimo de suspeição, rejeitai, rejeitai as suas comunicações, porque há uma serpente oculta na relva. Eis a minha conclusão sobre a influência moral dos médiuns".

"É incontestável e bem o percebeis, que expondo assim as qualidades e os defeitos dos médiuns, se provocará a contrariedade e até mesmo a animosidade de alguns. Mas, que importa? A mediunidade se expande cada vez mais, e o médium que levar estas reflexões a mal provocará apenas que não é um bom médium, quer dizer, que é assistido por Espíritos maus. De resto, como já disse, tudo isso passará logo e os maus médiuns, que abusam ou mal empregam as suas faculdades, sofrerão tristes conseqüências, como já aconteceu para alguns. Eles aprenderão à própria custa o que devem pagar ao reverterem em proveito de suas paixões terrenas um dom que Deus lhes concedera para o seu progresso moral. Se não podeis reconduzi-los ao bom caminho, lamentai-os, pois vos posso dizer que Deus os reprova".

Chico Xavier cometeu escândalos diversos e graves, que só o "jeitinho brasileiro" permitiu livrá-lo de sofrer as "tristes consequências" mencionadas por Erasto. Por outro lado, Chico não foi reconduzido ao bom caminho, porque a "maravilhosa fase" do "médium", atribuída entre 1978 e 2002, supostamente marcada pela vida serena, apesar da velhice e das enfermidades, foi a mais marcada pela idolatria religiosa, constituída de sentimentos de fascinação obsessiva e demonstrações traiçoeiras de "bombardeio de amor".

Devemos nos lembrar que a atitude habilidosa de Antônio Wantuil de Freitas, presidente da FEB e espécie de "empresário" de Chico Xavier, adotou várias manobras que variavam de criar um lobby midiático - a TV Tupi passou a ter atores e equipe técnica aderindo ao "médium" - a estar envolvido numa provável queima de arquivo, através da morte suspeita do sobrinho do beato de Pedro Leopoldo, Amauri Xavier.

Devemos nos lembrar que a revista Manchete, de 09 de agosto de 1958, em reportagem sobre as denúncias de Amauri contra seu tio Chico, que o jovem denunciante sofria "ameaças de morrer envenenado", dentro do "meio espírita". A estranha morte do rapaz, em 1961, foi efeito também de uma campanha caluniosa, feita contra o rapaz, e que confirma o quanto seguidores de Chico Xavier, quando contrariados, apresentam surtos de ódio e rancor.

Só um país desinformado como o Brasil e ainda apegado à fascinação obsessiva em torno de Chico Xavier, que, mesmo quando se "admite imperfeições", se mantém a idolatria e a blindagem em torno de sua pessoa, deixando as pessoas seduzidas na perdição do "bombardeio de amor".

E muitos pensavam que o canto-de-sereia mais perigoso viesse se mulheres bonitas como na Odisseia de Homero. Nada disso, o pior canto-de-sereia, o mais traiçoeiro, vem da imagem de um velhinho feioso e frágil, mas manipulador do "bombardeio de amor", que era a lição oculta do famoso poema grego, momentaneamente expresso pela aparência física, mas que pode ser identificado por outros apelos perigosos de "amor e beleza".

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