
HIERARQUIA EM CHICO XAVIER E CUMPLICIDADE EM LULA.
Uma imagem de Francisco Cândido Xavier beijando pobres mostra que o mito "progressista" atribuído ao "médium" não passa de uma falácia trabalhada através de uma imagem adocicada que se serve de apelos vagos e bastante superficiais, sem qualquer base factual.
Chico Xavier aparece sendo saudado por pessoas pobres com olhar tristonho, semblante melancólico e postura submissa, num ritual que demonstra um claro nível hierárquico que não mostra solidariedade nem cumplicidade, pois o que estava ali era um ídolo religioso que os pobres, com uma subordinação "bovina", foram cumprimentar com "respeitabilidade" ultraconservadora.
Na outra foto, porém, o ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, que completa hoje um ano de prisão por acusações infundadas, aparece junto a uma senhora mais idosa que aquelas que foram saudar o "médium". Ambos aparecem encostando suas testas com um sorriso fraternal e amigo, com um semblante esperançoso e um ar de explícita cumplicidade e solidariedade.
A comparação das duas fotos serve de lição para setores das esquerdas, que, baseado em ideias vagas em torno de Chico Xavier, imaginam que ele seria "tão progressista quanto Lula". Grande engano. Chico Xavier sempre foi um sujeito ultraconservador, durante toda a vida.
Em suas obras, o "médium" sempre professou a Teologia do Sofrimento. Pedia para os oprimidos aceitarem desgraças em silêncio, sem reclamar da vida, o que poderia muito bem desmentir o mito de "caridade" que tanta gente fala do "médium".
Além disso, as ideias de Chico Xavier, presentes em livros e depoimentos, apresentam pautas correspondentes à agenda ultraconservadora trazida por Michel Temer e Jair Bolsonaro, a saber:
1) REFORMA TRABALHISTA - Chico Xavier defendia o trabalho exaustivo e pedia para as pessoas exaustas no fim da jornada para não reclamarem e continuarem trabalhando. O "médium" também apoiava a servidão humana, o trabalho submisso, mesmo mediante baixa remuneração. Além disso, a norma da "reforma trabalhista" que prevê a "prevalência do negociado sobre o legislado", que privilegia os interesses patronais, era defendido pelo "médium" sob o pretexto dos "princípios de fraternidade cristã" provenientes das "leis de Deus".
2) "CURA GAY" - Apesar do jeito aparentemente efeminado, Chico Xavier apresentava indícios de defesa do machismo e da homofobia. No primeiro caso, um de seus livros falava, em linguagem de ironia, que o "verdadeiro feminismo deve ser exercido no lar e na prece e não por uma ação contraproducente fora dele". No segundo caso, Chico Xavier dizia "respeitar os homossexuais", mas atribuía a tais escolhas uma confusão mental que deveria ser "resolvida" reeducando as pessoas a aceitar as condições sexuais determinadas pelo nascedouro, conforme as "leis de Deus".
3) ESCOLA SEM PARTIDO - Chico Xavier já condenava o questionamento aprofundado e a contestação arrojada, preferindo a fé religiosa do que a busca pelo Conhecimento. Chamava o questionamento aprofundado de "tóxico do intelectualismo" e, por isso, o modelo de pedagogia defendido por Chico Xavier se limitava apenas a processos "pragmáticos" de meramente ensinar a ler, escrever, fazer trabalhos e ter fé religiosa. Ou seja, justamente as ideias defendidas pela Escola Sem Partido.
Só estes três itens comprovam o ultraconservadorismo de Chico Xavier, algo que não consegue ser desfeito pelo pensamento desejoso, por mais que os usuários desse truque falacioso se esforcem com suas pretensas argumentações.
Chico Xavier manifestava, quando estava vivo, seu medo de ver o ex-sindicalista Lula presidindo o país, tanto quanto a atriz Regina Duarte, e é estranho que o ultraconservadorismo convicto de Chico Xavier seja recusado por muitos de seus seguidores, que preferem ver o "médium" conforme suas fantasias pessoais, onde as ideias, embora nada realistas, lhes soam muitíssimo agradáveis.
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