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Tese dos "médiuns imperfeitos" não resolve problemas da deturpação espírita


DIVALDO FRANCO E CHICO XAVIER - ORGULHO DE ERRAREM MUITO?

Virou moda dizer que os chamados "médiuns espíritas" são "imperfeitos". Seus partidários agora desmentem que eles sejam "anjos", "espíritos puros", "salvadores da pátria", "semi-deuses" e outras atribuições que eles mesmos davam aos "médiuns", sobretudo Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.

Isso apela para uma estranha idolatria, uma idolatria supostamente "mais pé-no-chão", pretensamente realista, mas, ainda assim, idolatria. Um idolatria cafajeste, travestida de "admiração saudável e equilibrada", que não resolve o fanatismo nem os sentimentos obsessivos que os seguidores dos "médiuns" possuem pelos mesmos.

Aliás, é uma adoração que nada tem de equilibrada. Ela precisa ficar se "justificando". Ela precisa usar a máscara do realismo, fingir ser uma "admiração saudável", e ainda por cima partindo de uma parcela de seguidores que, com estranho imediatismo, dizem que "não são espíritas" e fazem de tudo para não parecerem sectários dos "médiuns".

Essa tendência vem ocorrendo há muito tempo, desde que os "científicos" como José Herculano Pires pediram para "tirar os médiuns de seus pedestais". Só que ela se tornou mais intensa depois que o "curandeiro" goiano João Teixeira de Faria, o João de Deus, foi preso acusado de vários crimes, a partir de denúncias de assédio sexual, estupro e enriquecimento ilícito.

INCAPACIDADE DE CONTESTAR IRREGULARIDADES CONTRA CHICO XAVIER

A ideia principal, no entanto, abrange Chico Xavier, que contra ele pesam sérias denúncias de irregularidades e fraudes na "atividade mediúnica", defesa de ideias retrógradas - a partir da Teologia do Sofrimento, espécie de equivalente da ideologia fascista, só que dotada de "bom-mocismo" - e uso da "caridade" como artifício de promoção pessoal e exploração do sofrimento alheio.

São coisas que apresentam muitas provas, vários indícios de provas e possibilidade de novas denúncias, que, dizem, serão arrepiantes. Daí que não há possibilidade de contestar as provas e os indícios, e, mediante interesses estratégicos - a FEB fez de Chico Xavier um grande vendedor de livros, garantindo renda que, do contrário que se diz, não chega às mãos das pessoas pobres em forma de benefícios diversos - , diz-se apenas vagamente que "Chico errou, mas, pelo menos, fez caridade".

Daí que, diante dessa impotência, os seguidores do "médium" agora falam que "todo mundo erra", que "os médiuns são os que mais erram na humanidade", ou apelam para o bordão "quem nunca errou na vida", tão surrado que, nas redes sociais, já começa a surgir a expressão pejorativa "quenunca", que se refere à pessoa que tem mania de dar desculpas para seus erros.

Essa mania de dar desculpas é uma forma da pessoa "assumir seus erros" para evitar punições. Afinal, na retórica do "todo mundo erra", entende-se que, por isso, "ninguém será punido", porque o erro é uma "normalidade". A atitude é entendida erroneamente como uma autocrítica e uma postura de humildade e modéstia humanas - daí o clichê "gente como a gente", em moda no governo cheio de erros como o de Jair Bolsonaro - , como se pessoas simples fossem sinônimo de gente errada.

CARTEIRADA POR BAIXO

O que, todavia, acontece, é uma "carteirada por baixo", uma espécie de "orgulho de ser errado" e uma visão discriminatória das pessoas comuns. "Pessoa comum" acaba sendo a "pessoa que erra muito", e isso acaba indo contra o dom humano de procurar agir de maneira acertada, e, o que é pior, faz com que haja uma visão injusta e deturpada da simplicidade humana que acaba se tornando uma apologia ao erro.

Essa atitude de, supostamente, "assumir que erra muito" em nada contribui para promover a autocrítica e evoluir as pessoas. Pelo contrário, soa mais uma desculpa para pessoas que cometem erros graves escaparem de qualquer punição ou consequência drástica dos seus erros.

A banalização do erro, que o governo Jair Bolsonaro traz para o povo brasileiro, só faz piorar as coisas. Promove a mediocrização da pessoa humana, cria a "zona de conforto" da aceitação do erro, além do fato de que a desculpa de que "todo mundo erra" serve para proteger os privilégios de parte da sociedade, diante de denúncias de crimes e escândalos.

Isso é o caso de Chico Xavier, que é mais blindado que político do PSDB, mesmo após cerca de 17 anos de morte. Muitos estão acostumados com a imagem dócil do "médium" propagada pela grande mídia empresarial há pelo menos 40 anos, e tal blindagem tenta "reparar os exageros" para continuar mantendo a idolatria religiosa a ele que garante o retorno comercial de livros e outros artigos que lhe são relacionados.

Agora fala-se que "ele errou muito", que ele "era um endividado", mas tudo isso é feito para manter a idolatria, agora travestida de "admiração saudável e equilibrada de um homem simples e bom", mas isso é apenas para colocar a velha idolatria e o velho fanatismo sob um enfoque supostamente diferente, dissimulando os antigos exageros que fizeram Chico Xavier ser visto como um "semi-deus".

Isso também não resolve as questões da deturpação espírita, porque a tese dos "médiuns imperfeitos" só faz com que todas as coisas fiquem como estão, num contexto gravíssimo em que a deturpação que fez a "Federação Espírita Brasileira" preferir Jean-Baptiste Roustaing a Allan Kardec sempre permaneça, agora na forma "equilibrada" da postura dúbia de combinar o igrejismo roustanguista e o cientificismo kardeciano, combinação que é a base do "espiritismo à brasileira".

Outro caso grave é que a atitude de supostamente assumir os erros não faz com que haja tolerância ao ato de errar, porque não resolve as desigualdades entre erros graves e erros menores. A ideia banal de que "todo mundo erra" só serve para evitar que pessoas que cometam graves erros sofram as consequências naturais de seus atos.

Dessa forma, não importa dizer que "todo mundo erra" se o ladrão de fruta continua indo para a cadeia e aqueles que "aprontam demais" continuam soltos. E, enquanto isso, a blindagem dos "médiuns" que produzem obras fake, deturpam a Doutrina Espírita e defendem até a ditadura militar continua rolando solta.

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