O Frei Boaventura, no caderno 4 da série Vozes em Defesa da Fé, da Editora Vozes, publicada em 1960, traz uma síntese muito realista da duvidosa "psicografia" de Francisco Cândido Xavier, pelo menos aquela que evocava grandes nomes da literatura, em supostas mensagens espirituais.
O resumo é contundentemente realista, verídico, e tira todas as dúvidas quanto à ausência de veracidade nas supostas psicografias, porque elas apresentam irregularidades, surpreendentemente fartas em provas, quanto aos aspectos pessoais dos autores mortos.
Em muitas dessas obras, o que se observa, na verdade, é não mais do que o pensamento pessoal de Chico Xavier, explicitamente manifesto sob nomes alheios, para tornar suas opiniões, de um moralismo ultraconservador gritante, "mais universais".
Apesar de ser uma publicação católica e, portanto, escrita por alguém dessa religião, não se pode de maneira alguma demonizar essa obra, como os "espíritas" fazem, pois isso é demonstração de intolerância religiosa, na qual o Catolicismo é visto como um "rótulo negativo" para desprezar e desqualificar pareceres movidos pela lógica e pelo bom senso.
Se seria mesmo possível desqualificar o Frei Boaventura, assim como Alceu Amoroso Lima e o padre Oscar Quevedo, por suas análises severas contra Chico Xavier, teríamos também que desqualificar o pensamento científico de Agostinho de Hipona, o Santo Agostinho, que começou a romper com as crenças surreais da Idade Média.
E logo os "espíritas", que quando são alvos de críticas, adotam o coitadismo, erroneamente se creditando como "vítimas de intolerância religiosa", para não assumirem responsabilidades por seus maus atos, não toleram o Catolicismo quando este vai contra os dogmas do "espiritismo à brasileira".
Quantos adeptos de Chico Xavier não despejaram sua fúria - oficialmente inimaginável - contra o Padre Quevedo, diante das análises lógicas deste paranormal, e ainda implicando com seu sotaque espanhol, alvo de tão preconceituosa humilhação vinda de gente tida como "iluminada"!
Seguimos então com o parágrafo certeiro, no qual Frei Boaventura resume bem o problema de Chico Xavier, em palavras bastante certeiras e coerentes:
"Verifica-se, pois, que a investigação da verdade histórica do fenômeno Chico Xavier toma-o, na realidade, muito menos fenomenal. Não é um iletrado que produz mensagens em estilo brilhante publicadas em quase 60 volumes. Não: E’ um cidadão inteligente, poeta por inclinação natural, muito lido, capaz de reproduzir mediocremente, em estilos diversos, inúmeras páginas sobre assuntos bastante banais e que são revistas e corrigidas por outras pessoas mais competentes e melhor formadas. Eis a realidade histórica de Chico Xavier. Nada mais. O resto é boato, fantasia e exaltação".
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