É muito comum os "espíritas", diante das inúmeras críticas recebidas, reagirem com vitimismo. Alegam sofrerem "inquisição", "perseguição por pessoas feitas bestas-feras" e até adotam um discurso masoquista, do tipo "podem me derrotar, me massacrar até; mas os pobres, meus 'filhinhos', ficarão sem o pão".
Fazem todo um teatro para combinar vitimismo e triunfalismo. Como falsos cristos, eles adotam essa postura para levarem a melhor. Exageram nas críticas recebidas para forjar um jogo de cena, na qual a dramatização tenta provocar a comoção pública, induzida a levar como "vitoriosos" os derrotados pela lógica, pelo bom senso e pelo desejo de Justiça, diante desse pretenso Espiritismo que no Brasil nunca passou de uma versão Botox do Catolicismo da Idade Média.
Francisco Cândido Xavier abriu precedente. Ele mesmo foi um manipulador exímio de corações e menes humanos, um terrível deturpador que, num país sério, seria visto, sem rodeios, como inimigo interno do Espiritismo. Mas essa constatação, pelo deslumbramento religioso de muitos, é considerada "cruel demais", apesar do realismo e das provas que indicam, sim, que Chico Xavier é o inimigo interno alertado com antecedência pela Doutrina dos Espíritos.
Diante dos escândalos em que se meteu, diante da pretensão de trazer "obras espirituais" atribuídas a grandes escritores, Chico Xavier sempre reagia calado. Não era questão de humildade cristã. Era um meio de forjar um vitimismo, enquanto as reações eram deixadas para seus seguidores, geralmente humanos que se comportavam, esses sim, como "bestas-feras", contra os que punham em xeque o prestígio do "médium".
Chico Xavier dizia coisas como "não vamos pôr querosene nesse incêndio", uma prova de seu vitimismo diante das acusações de que ele cometeu fraudes mediúnicas e deturpava o Espiritismo em favor de um igrejismo medieval. No entanto, Chico usava como manobra a pregação de repúdio ao senso crítico, definido como "tóxico do intelectualismo", um artifício que, comprovadamente, põe o "médium" em posição extremamente oposta a de Allan Kardec, este sim amigo do debate intenso.
Devemos nos lembrar que Kardec estimulava o senso crítico, a ponto de admitir que ele poderá estar errado em seus postulados, desde que dentro de uma argumentação lógica e comprovada. Contrário a ele, Xavier sempre apelava para ninguém questionar, nunca contestar, e que sua causa mesmo era a fé obscurantista do velho Catolicismo que o "médium" professou até o fim da vida.
Chico se comportava como um sujeito que, vendo a revolta em frente ao seu casarão, tivesse que permanecer quieto na sua residência, enquanto mandava abrir os portões de sua casa para a ação de seus cães de guarda. Dessa maneira, enquanto o "médium" ficava calado diante das críticas dadas a ele, seus seguidores é que destilavam sua raiva rancorosa, mas oficialmente "inimaginável", de seus "iluminados" seguidores.
O vitimismo "espírita" com mania de triunfalismo é um uso oportunista dos privilegiados pregadores - palestrantes e/ou "médiuns", que, funcionalmente, equivalem a padres e sacerdotes no Catolicismo propriamente dito - da Teologia do Sofrimento, a doutrina moralista do "quanto pior, melhor" (a aceitação do sofrimento extremo como meio de encurtar o "caminho para Deus").
A Teologia do Sofrimento é normalmente usada para os desafortunados aceitarem suas desgraças acumuladas e surgidas sem controle. Mas, neste caso, é uma desculpa que os pregadores "espíritas" fazem para saírem da enrascada. Daí o discurso choroso: "Ah, chovem pedras sobre aqueles que pregam o bem. Que sejamos apedrejados, que o ódio nos faça derrotados, porque temos o mundo contra nós, mas Deus está a nosso favor".
São discursos bonitos, mas que nada dizem, e o triunfalismo revela duas posturas deploráveis. A primeira é que os "espíritas" (traidores de Kardec, igrejistas de carteirinha que fingem fidelidade ao pedagogo lionês), com seu vitimismo triunfalista, revelam sua mania de se acharem "todo-poderosos" a ponto de saírem vencedores depois da derrota final.
Mas a segunda é ainda mais grave, a de mascarar o orgulho pela pretensa humildade, ainda mais num tempo em que se tornou mania os "espíritas" dizerem que "são imperfeitos", que "os médiuns erram muito" etc, mais para se livrar das responsabilidades dos erros cometidos adotando uma falsa autocrítica para evitar os efeitos dos atos e posturas equivocados.
Trata-se de uma grande presunção. O vitimismo triunfalista é uma postura dos que não sabem perder, e os deturpadores do Espiritismo, a partir do próprio Chico Xavier - beneficiado por uma blindagem de fazer inveja a qualquer tucano (político do PSDB) - , se deixam valer dessa manobra para evitarem serem desacreditados, perderem fiéis e, acima de tudo, ver os livros produzidos pelo "espiritismo" brasileiro caírem em vendas.
E quem acha que o lucro dessas vendas vai mesmo para o "pão dos pobres", para o "lar dos desabrigados" e para o "remédio dos doentes miseráveis", isso é um grande engano. Se tivesse se destinado a tudo isso, teríamos visto os resultados plenos em todo o Brasil. Mas isso não aconteceu, e não é por falta de adoração aos "médiuns", até porque eles são adorados até demais e os livros vendem como pipoca em porta de cinema.
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