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Dado estranho: Chico Xavier esteve "inativo" entre 1933 e 1934



Um dado muito estranho envolve a produtiva "psicografia" de Francisco Cândido Xavier. É que, entre Parnaso de Além-Túmulo, o primeiro livro, lançado em 1932, houve um hiato de dois anos até chegar ao livro Cartas de Uma Morta, atribuído à sua mãe, Maria João de Deus, lançado em 1935.

São dois anos sem lançar um livro, depois do impacto da primeira publicação, um embuste literário que apresenta falhas estilísticas graves, e que, em que pesem as aparentes semelhanças aos estilos originais dos supostos autores espirituais, apresentam também diferenças comprometedoras.

Não se vai comparar esse hiato com aquele que Jesus Cristo havia deixado em parte de sua juventude, porque este período foi o de formação intelectual do ativista da Judeia, algo que ainda é um mistério a ser revelado através de pesquisas por arqueólogos e historiadores, mas que sugere ter sido um período de muito estudo por parte do famoso humanista.

Chico Xavier não viveu esse hiato para "estudar melhor o Espiritismo", até porque, como deturpador e igrejista, ele seria o último a querer a fidelidade doutrinária à doutrina original francesa, preferindo mais conhecer seus macetes para saber onde vai deturpar.

O hiato de Chico Xavier é algo mais malicioso, pois ele era tutelado pelo presidente da "Federação Espírita Brasileira", Antônio Wantuil de Freitas, uma figura ambiciosa e que, aliando-se a Chico Xavier, estabeleceram uma relação de cumplicidade na produção de literatura fake e que levaram às últimas consequências o pensamento roustanguista adaptado pelo "médium" para o contexto brasileiro.

O período de 1933-1934 deve ter sido uma fase de trainée, na qual Chico Xavier, que então aproveitava os louros do primeiro livro e aparecia para dar eventuais entrevistas e depoimentos, parecia "improdutivo" e "sem receber mensagens espirituais" por um longo período.

Desconfia-se que Chico Xavier que, como um interiorano - Pedro Leopoldo era, então, distrito de feições rurais de Santa Luzia, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte - , gostava muito de circo, tenha aprendido com Wantuil as técnicas de manipulação da mente humana.

A partir daí, algumas técnicas depois conhecidas teriam sido aprendidas pelo "médium":

1) LEITURA FRIA - Análise subliminar de mensagens e depoimentos que não apenas aproveita as informações das palavras declaradas como faz uma interpretação adicional a partir de reações psicológicas e dados ocultos do entrevistado. Através dessa checagem, obtida pelo estímulo afetivo do entrevistador ao entrevistado, informações não declaradas e consideradas "inacessíveis" são obtidas. A prática, a partir de Chico Xavier, é muito usada nos "auxílios fraternos" das "casas espíritas".

2) BOMBARDEIO DE AMOR - O perigoso apelo que consiste em simular afetividade e beleza profundas é um tipo traiçoeiro de manipulação mental que os brasileiros dificilmente conhecem. No mundo desenvolvido, intelectuais renomados definem o love bombing como uma das piores armadilhas de dominação da mente humana. No Brasil, Chico Xavier foi o que mais usou essa estratégia, aos níveis piores do que um canto-de-sereia.

3) HIPNOSE - A estratégia, famosíssima, de dominação de outra pessoa pelo olhar, era muito praticada por Chico Xavier. Fotos da juventude mostram ele com olhar malicioso, que transmitiam uma energia pesada e bastante carregada. Dizem que foi isso que fez Chico Xavier dominar Humberto de Campos Filho para evitar que ele e seus irmãos recorressem a novas ações judiciais contra o "médium". Dizem que Chico passou a usar óculos para esconder o olhar maligno.

São coisas que merecem atenção e profunda investigação. É verdade que Chico não "desapareceu" dos holofotes nesse período de 1933-1934, mas o hiato deve ser investigado para verificar se nessa época não houve o treinamento para um futuro mistificador e deturpador da causa espírita.

Além do mais, também revela estranheza a demora de publicação das supostas psicografias que teriam sido as primeiras sob o nome de Humberto de Campos, que, creditadas a 1935, só saíram em livros de 1936 e 1937, respectivamente Palavras do Infinito e Crônicas de Além-Túmulo.

Há muito o que investigar sobre Chico Xavier, de forma séria e contestatória, sempre à luz da razão e não para proteger um ídolo religioso. Mas, infelizmente as paixões religiosas dos seguidores e simpatizantes não deixam. O "bombardeio de amor" fez milhares de vítimas no Brasil, infelizmente.

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